segunda-feira, 20 de abril de 2015

Início do ciclo conversas na casa João do rio -texto do Nelson Paciencia anexo ao desenho

«Conversas na Casa João do Rio»
Tocamos à campainha e imediatamente ouvimos o estalar do trinco, abrindo a porta pesada de ferro. Ainda não eram três da tarde quando subimos aquela meia dúzia de degraus. No topo, a Maria Celeste espera-nos, sempre sorridente, e convida-nos a entrar naquele rés-do-chão direito. A casa João do Rio é um lugar encantador, uma casa muito bem recuperada, mas que ainda mantém a sua alma de casa antiga, com os seus quadros, molduras e desenhos nas paredes, ou armários cheios de objectos pequeninos com história e estórias para contar.
Entramos na sala de estar, alcatifa vermelha no chão, papel de parede amarelado, móveis antigos e um piano. O gira-discos toca baixinho. Arrumamos as cadeiras de madeira, e preparamos-nos para a primeira "conversa na Casa João do Rio". O Luís Ançã mostra-nos alguns dos desenhos que fez entre 1977 e 1984, ao todo cento e quarenta, projectados numa televisão destas modernas. Diferentes técnicas e registos, mas uma "assinatura" que identificamos quase de imediato. Os desenhos do Luís são inconfundíveis, sejam eles feitos ontem ou há quase quarenta anos.
"Naquela altura ainda não se falava em cadernos e urbansketchers, mas nós já andávamos em rebanho, a desenhar tudo...".
A sessão terminou na sala de estar, e continuou na sala de jantar, onde lanchámos divinamente. Maçãs assadas, bolo inglês, bolinhos e chocolates. E um chá, servido em chávenas antigas. O Luís Ançã teve direito a beber chá numa moustache cup, uma chávena para homens de bigodes, com  uma aba superior e um orifício, evitando molhar os pêlos farfalhudos de outros tempos. O Luís desenhou esta chávena ainda antes de começar a lanchar, e o desenho ficou como a tarde, absolutamente incrível. 
 

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